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Meridianos & Paralelos

Um blog de notícias alinhavadas quase sempre à margem das notícias alinhadas

terça-feira, agosto 10, 2004

AS MINHAS HISTÓRIAS DE PEQUENINA



«Jorge e os Amados livros de histórias da minha infância» Posted by Ana MC

Estas serão para sempre as histórias da minha infância.Sentavas-te na beirada da cama grande e lias ao sono que não havia meio de vir... punhas-me sobre os teus joelhos, no baloiço da cadeira na varanda grande, sob o alpendre do caramachão, e fazias desfilar diante de mim, intermináveis galerias de mágicas personagens garridas de tanta vida. Cresci a escutar-te e era inteiramente tua a minha mais funda atenção extasiada. Cresci entre a ladeira e o pelourinho, rente ao porto e ao cais, embalada no balanço dos saveiros e no colo generoso dos bordéis das mulheres belas e livres, no acalanto das noites do sertão, sob o aroma das roças, entre os pés de café, longe da senzala. Cresci cavalgando ruas, ondas e campinas. Ouvi as lendas dos teus negros, sentada em caixotes de galpão e aprendi a cuspir e a trepar ás árvores com os meninos-capitães. Pentearam-me as mãos das tuas mil mulheres, enquanto cozinhavam para mim nas largas panelas de sabores coloridos. Foram os teus coronéis que me puxaram as orelhas, aos primeiros castigos imputados por tanta liberdade. Mas segurei a tua mão nas noites de luar, escondi-me entre as tuas pernas ao troar dos tambores e afoxés e acendi contigo velas nas noites de terreiro. Aprendi a beijar nos teus areais brancos e nadei com o teu cordão de peixes e siris debaixo das correntezas de verdes azuis. Segui-te por ilhéus e campos de algodão. Andei contigo por tertúlias e boémias, ouvi-te discutir o jornal do dia e aprendi a amar o cheiro forte da cachaça e o riso franco que ela solta. Enfeitaste-me com tesouros de mascates, pedrarias de pechisbeque, perfumes de garrafa e cortes da mais pura chita. Levaste-me do salão aos bailes do jardim do coreto e às rodas de capoeira. Rodopiaste-me por entre a tua gente e abriste-me o mundo no vôo lânguido de quem não tem nem tempo nem pressa. E depois sussurraste-me ao ouvido: «Vai pescar histórias mais ao largo, que a vida é uma romaria logo ali, mais ao fundo! Vai e conta, mesmo que ninguém pareça interessado em te ouvir!».

Eterno conversador!... Delirante e louco... contador de histórias que são morada de gente... alucinado mestre no amor pela parte maldita da vida... prosador que me vieste murmurar o impagável prazer de prosear em vagabunda prosa... Grata! Grata te sou, pelo privilégio de te teres sentado na beirada da minha cama de criança e ter sido meu o teu colo nas tardes da varanda grande.



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